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Design Instrucional e a profissão de designer instrucional

Design Instrucional

Caso ainda não tenha lido, recomendo o texto "Sociedade, Tecnologia e Educação a Distância"

Não se sabe ao certo a data de surgimento do Design Instrucional, porém, costuma-se estabelecer sua origem na década de 40, durante a Segunda Guerra Mundial. Diante da necessidade de treinamento das tropas norte-americanas para utilização de equipamentos e armas de guerra, alguns psicólogos e educadores foram convocados para desenvolver pesquisas e materiais para cursos de treinamento em massa das tropas. Com o fim da guerra, a solução educacional a distância passou a ser usada e aperfeiçoada no decorrer dos tempos.

O Design Instrucional evoluiu com o advento da internet e com o desenvolvimento de tecnologias específicas para educação, dando novos moldes e novos rumos aos cursos a distância. Os cursos via internet despertou as atenções pedagógicas pelas novas formas e possibilidades de educar e pela necessidade de aprendizado contínuo do indivíduo em função das rápidas mudanças na sociedade.

No Brasil, o ensino à distância e a difusão da internet vem crescendo a cada ano e contribuindo para vencer alguns desafios da educação, como a democratização do ensino superior, a qualificação de educadores, a inclusão de pessoas com deficiência e uma educação mais personalizada, individualizada e flexível. Entretanto, a EaD possui desafios a serem vencidos. O maior deles é expandir esse método com qualidade, o que envolve outros dois grandes desafios: o primeiro é a preparação de educadores para utilização de tecnologia nos processo de ensino-aprendizagem para uma aprendizagem significativa. Segundo, transformar sujeitos passivos em cidadãos ativos e críticos, capazes de pensar por si próprios, conduzirem e construírem seu conhecimento e conscientes sobre a importância da educação continuada, em função das rápidas mudanças na sociedade.

Nesse contexto, a fim de compreender como, efetivamente, ensinar a distância, uma nova área da pesquisa educacional procura trabalhar com essa problemática e com as especificidades inerentes a essa modalidade de ensino, a denominada Design Instrucional.

O Design Instrucional trata do processo de ensino-aprendizagem e do planejamento de material para educação - textos, imagens, gráficos, sons e movimentos, simulações, atividades e dinâmicas - usando tecnologia e recurso multimídia para construção individual ou coletiva de conhecimento. Assim, essa é uma área multidisciplinar que requer a utilização de outros conhecimentos afins como a tecnologia, aprendizagem e planejamento e não apenas os pedagógicos.

Muitas dessas áreas são distintas em que ao mesmo tempo aplica-se conceitos de: psicologia, administração de projetos, pedagogia e tecnologia de informação. Por esse motivo que o profissional que atua no Design Instrucional tem que ter uma formação multidisciplinar e, principalmente, afinidade com tecnologia. Entretanto, o designer instrucional não possui domínio de todas as áreas envolvidas, fato que, para elaboração de um projeto é necessário uma equipe multidisciplinar, formada por profissionais com domínio das áreas específicas, que ofereça suporte ao designer instrucional nas tomadas de decisão.

A profissão de designer instrucional pode ser considerada nova, foi regulamentada recentemente, em janeiro de 2009, pelo Ministério do Trabalho. A ele cabe utilizar tecnologias, teorias e métodos para aumentar a eficiência e eficácia do processo de ensino-aprendizagem para atender as características, os estilos e ritmos de aprendizagem de cada indivíduo.

Design Instrucional

Para Filatro (2008), a prática do Design Instrucional é complexa e envolve diversas áreas de conhecimento. A autora analisa sua evolução desde o seu surgimento como ciência, e, a partir dessa análise cita o papel do Design Instrucional nos dias de hoje, que se tornou complexo e envolve:

[..] além de planejar, preparar, projetar, produzir e publicar textos, imagens, gráficos, sons e movimentos, simulações, atividades e tarefas relacionadas a uma área de estudos, maior personalização de estilos e ritmos individuais de aprendizagem, adaptação às características institucionais e regionais, atualizações a partir de feedback constante, acesso a informações e experiência externa e o monitoramento da construção individual e coletiva de conhecimento (FILATRO, 2007, p.33).

Assim, Filatro (2007) conceitua Design Instrucional como uma:

"ação intencional e sistemática de ensino, que envolve o planejamento, o desenvolvimento e a utilização de métodos, técnicas, atividades, materiais e produtos educacional em situações didáticas específicas, a fim de facilitar a aprendizagem humana" (p.65)

Em síntese, o Design Instrucional pode ser definido como um processo que visa desenhar, implementar e avaliar um produto para atender uma necessidade de aprendizagem. Utiliza teorias, métodos e tecnologia para atender de forma individual e personalizada as características de cada indivíduo, a fim de facilitar e aumentar a eficácia do processo de ensino-aprendizagem e, para tanto, de acordo com Filatro (2008, p.4), fundamenta-se em três áreas do conhecimento:

  • Ciências humanas: na área da psicologia do comportamento e do desenvolvimento humano e psicologia social e cognitiva.
  • Ciência da informação: ciência da computação, mídias, comunicações e gestão da informação.
  • Ciência da administração: aborda gestão de projetos e engenharia de produção.

A fim de garantir o equilíbrio entre os diversos interesses, através da integração das várias áreas envolvidas para atender as necessidades humanas, utilizando um elemento importante, a criatividade, surge o profissional designer instrucional (FILATRO, 2007).

Esse profissional necessitar ter uma formação interdisciplinar, porém, suas ações devem ser restringidas a objetivos educacionais, a fim de formar pessoas (FILATRO, 2008). O Ministério da Educação – MEC – ao estabelecer referenciais de qualidade para cursos a distância, destaca a importância do designer instrucional ao colocar que todos os projetos devem atender a linguagem, formato, administração, desenho, lógica, e avaliação próprios da educação a distância e, principalmente, tenham como primeiro fundamento a educação, o intuito de formar pessoas.

Nesse contexto, ao designer instrucional cabe planejar, desenvolver e utilizar métodos e outros recursos testados em situações didáticas para facilitar a aprendizagem (FILATRO, 2007). Para isso, é necessário utilizar um modelo de design instrucional para esquematizar os elementos de uma situação didática para "prever um modo sistematizado para se planejar, construir e aplicar cursos na modalidade a distância" (PINHEIRO, 2002, p.41).

Referências: