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AI: Tipos de Navegação

Arquitetura de Informação

Embora não exista um consenso quanto à nomenclatura dos tipos de navegação, Kalbach (2009) afirma que o importante é que o objetivo de cada tipo é o mesmo e, embora possa possuir nomes diferentes, o papel e o propósito são os mesmos: navegar pela estrutura e organização do espaço informacional.

Para Kalbach (2009), os diversos tipos de navegação podem ser agrupados em três categorias (figura 12):

  • navegação estrutural: fornece uma navegação baseada na hierarquia do sistema interativo ou website, possibilitando o usuário se mover para cima ou para baixo da estrutura.
  • navegação associativa: fornece uma navegação por assuntos, tópicos ou conteúdos semelhantes, não estando presa à divisão ou estrutura, possibilitando o usuário pular níveis da hierarquia.
  • navegação utilitária: fornece uma navegação por funcionalidades ou informações que auxiliam o entendimento da arquitetura de informação ou do sistema interativo.

Figura 12: Categorias primárias de navegação.
(Fiorito e Dalton apud Kalbach, 2009, p. 110)

A navegação estrutural permite que os usuários se movam pela estrutura da arquitetura de informação, porém, seguindo a hierarquia da organização, ou seja, a navegação é feita para cima ou para baixo dos níveis da hierarquia. A navegação estrutural é subdividida em dois tipos: navegação principal e navegação local (Kalbach, 2009).

A navegação principal representa os níveis mais altos da hierarquia da arquitetura de informação, fornecendo uma visão geral e representando os principais itens, as grandes categorias. Procura ainda representar as tarefas ou informações principais, as que justificam a existência e/ ou o motivo dos usuários usarem o sistema ou website. Essa navegação é persistente, mostrada em todas as páginas, com algumas exceções, quando pode interromper o fluxo de uma tarefa, se fazendo necessário ocultá-la, como no caso do fluxo de uma tarefa para pagamento ou transferência bancaria online, onde a navegação principal permitiria que o usuário saísse no meio do processo (Kalbach, 2009; Reis, 2007).

A navegação local é uma extensão da navegação principal e representa os níveis mais baixos da hierarquia da arquitetura de informação, geralmente, detalha um nível mais baixo do nível acessado na navegação principal. Em síntese, e como exemplo, a navegação principal representa as categorias, e a navegação local representa os itens dessa categoria. Embora a navegação principal seja consistente em todas as páginas, a navegação local é mais volátil, persistente somente em páginas que pertençam ao nível acessado (Kalbach, 2009; Reis, 2007).

Kalbach (2009) chama a atenção para um problema de acessibilidade que a navegação estrutural pode causar nos usuários que utilizam leitores de tela, tendo em mente que a navegação é repetida em todas as páginas, ela será sempre lida pela ferramenta assistiva. Uma possível solução sugerida pelo autor é inserir no início um link que pule direto para o conteúdo.

Outro tipo de navegação, a navegação associativa, permite que tópicos, assuntos e informações semelhantes e relevantes ao entendimento do conteúdo sejam associados à informação. Apresenta ao usuário, enquanto acessa uma informação, links e informações semelhantes, independente do nível da hierarquia que a informação se encontra. Ao contrário da navegação estrutural, restrita e rígida aos níveis da hierarquia da arquitetura de informação, a navegação associativa é flexível, permitindo pular níveis. Segundo Kalbach (2009), a navegação associativa é composta e dividida em outros tipos de navegação:

  • Navegação contextual: uma navegação situacional, dependente de cada página e do que se trata a informação, permite ao usuário navegar por informações semelhantes, desde informações do mesmo nível ou até acesso a um novo sistema. Essa navegação pode ser embutida na própria informação, como uma palavra com link do conteúdo, ou relacionada, como um link em uma área especifica, separada do conteúdo para assuntos semelhantes
  • Navegação adaptativa: semelhante à navegação contextual, porém, além de permitir navegar por informações semelhantes, essas informações são dinâmicas, geradas pelo comportamento dos usuários, como páginas mais acessadas ou links gerados de acordo com o histórico de navegação do usuário.
  • Links rápidos: permite navegar por links importantes do site, semelhantes em grau de importância e de objetivo à navegação local ou principal, porém, não estão relacionados à hierarquia, podendo redirecionar o usuário para acesso a outro sistema interativo ou a área e tarefas importantes, porém que estejam profundas na hierarquia. Links rápidos são atalhos que ficam em áreas de destaque e são persistentes pelo mesmo objetivo da navegação principal.
  • Navegação de rodapés: permite uma navegação por informações complementares, como créditos, termos e condições, e informações relacionadas às necessidades das organizações. Essa navegação, alerta Kalbach (2009), possui uma grande vantagem por não ser intrusiva ao usuário, não podendo ser vista como insignificante.

A navegação utilitária permite acesso a funções, ferramentas ou páginas para auxiliar a navegação ou uso do site. Geralmente, por ser uma navegação auxiliar ou de ajuda, ocupa uma área pequena, porém, em um local de destaque. Permite, assim, como a navegação associativa, pular níveis da estrutura. A navegação utilitária, segundo Kalbach (2009), é composta por três tipos principais de navegação:

  • Navegação extra-site: permite acessar websites ou hotsites completamente diferentes.
  • Caixas de ferramentas: permite acessar informações ou ferramentas funcionais, como mecanismos de busca, formulário de contato, carrinho de compra e aplicativos.
  • Logo com links: um padrão informal gerado pelo uso constante e que permite acesso direto à página inicial ou topo da hierarquia da arquitetura de informação.

Os tipos de navegação estão intimamente ligados com os tipos de páginas. O objetivo e o propósito de cada mecanismo de navegação podem mudar de acordo com o tipo de página em que a navegação está inserida.

Ao estruturar a informação, é fundamental estabelecer o propósito de cada página, a fim de reduzir os níveis da hierarquia da arquitetura de informação, evitando criar hierarquias profundas, selecionando o melhor tipo de navegação. Tradicionalmente, segundo Kalbach (2009), existem três tipos de páginas:

  • Páginas navegacionais: são páginas intermediarias utilizadas para redirecionar para páginas de conteúdo ou páginas funcionais. Apresentam uma visão geral dos itens de um determinado nível da hierarquia, como páginas de determinada categoria ou departamento de uma loja virtual. Páginas navegacionais incluem a página principal, página de galerias, página de resultado de busca e páginas de aterrissagem – páginas de categorias, seção ou departamento.
  • Páginas de conteúdo: páginas da informação ou conteúdo propriamente dito, geralmente são o que o usuário busca.
  • Páginas funcionais: páginas que permitem o usuário realizar tarefas, como enviar um e-mail ou submeter formulários.

Uma arquitetura de informação que possibilite o acesso à informação de modo intuitivo e fácil necessita de uma organização clara, coerente e equilibrada, nem muito larga nem muito rasa, um modelo de navegação consistente e bem definido, além de rótulos curtos, objetivos e claros aos usuários. Porém, a Arquitetura de Informação é apenas uma entre diversos outros fatores e conceitos envolvidos, sendo necessário também, para garantir uma experiência de uso de qualidade, analisar e avaliar a interface e a interação. Assim, o próximo capitulo trata de apresentar os principais métodos e técnicas de avaliação focados em avaliar a usabilidade de um website.

Referências: