Abordagens da IHC: Acessibilidade
Silva & Barbosa (2010) enfatizam que, mesmo que uma interface seja fácil de usar e com alta comunicabilidade, barreiras ao acesso de sistemas interativos podem impossibilitar o uso do sistema por pessoas com necessidades especiais. O usuário ao usar um sistema necessita de coordenação motora para agir e manipular a interface; visão, audição, tato e percepção para identificar e reconhecer as mensagens enviadas pelo sistema e atividades mentais para interpretar as mensagens, planejar suas tarefas e verificar os objetivos. Assim, usuários que possuem limitações físicas – deficiência visual, auditiva e motora -, mentais ou de aprendizado – analfabetos – e outras necessidades, encontram obstáculos e barreiras nas interfaces que o impedem de interagir com o sistema e o acesso à informação.
No Brasil, existe legislação especifica para garantir a acessibilidade, mesmo em sistemas interativos. O decreto Nº 5296 de 2004 estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade, garante que sistemas de informação não devem possuir barreiras ou quaisquer entraves ou obstáculos que dificultem ou impeçam que as pessoas se comuniquem ou tenham acesso à informação. Nesse decreto, a acessibilidade é vista como condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida.
Silva & Barbosa (2010) apresentam uma definição focada em sistemas interativos, nela acessibilidade é a:
Flexibilidade proporcionada para o acesso à informação e à interação, de maneira que usuários com diferentes necessidades possam acessar e usar esses sistema (Silva & Barbosa, 2010, p.32).
Em geral, a intenção da acessibilidade é não excluir usuários que possuam algum tipo de necessidade especial ou que utilize alguma ferramenta assistiva . A questão de a acessibilidade ser uma característica que defina a qualidade de uso de um sistema é indiscutível, principalmente com o crescimento de websites e aplicações que rodam via internet e com a preocupação com a inclusão social.
Os conceitos de usabilidade, comunicabilidade e acessibilidade estão interligados e um completa o outro. Para usar com facilidade e eficiência um sistema – usabilidade – o usuário necessita compreender como ele funciona, descobrir como alcançar seus objetivos e realizar suas tarefas – comunicabilidade – e durante o uso ou acesso, o sistema não possua barreiras - acessibilidade, assim, o usuário tende a ficar motivado e satisfeito – experiência do usuário.
Neste capítulo, o intuito foi fazer uma revisão teórica dos principais conceitos e teorias de IHC que possibilitassem entender os fenômenos envolvidos na interação de usuários com sistemas e os fenômenos envolvidos no design, uso e avaliação de um sistema interativo. Porém, para compreender os problemas de e-gov pela internet, faz-se necessário conhecer conceitos de arquitetura de informação, visto que a preocupação com a organização e apresentação das informações ganha relevância com a evidência apontada pela pesquisa da CETIC.br (2010, p.35), apresentada anteriormente, em que 48% dos usuários não conseguem encontrar a informação desejada. Tal dado realça um problema maior ainda comparado com outra informação da referida pesquisa: 90% dos usuários de e-gov buscam informações. Assim, estudar a arquitetura de informação objetivando organizá-la e apresentá-la de modo que os usuários a encontrem intuitivamente ganha importância e justifica a apresentação do próximo tópico abordado.