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Objetos de estudo e objetivos da IHC

IHC

Estudar a interação sob o ponto de vista do usuário envolve investigar as pessoas usando sistemas (Silva & Barbosa, 2010, p.10). Podendo assim, segundo o ACM SIGCHI (1992 apud Semiotic Engineering Reseach Group, 2010), entender, explicar e prever fenômenos da interação entre usuários e computadores e, como consequência, fornecer meios para projetar interfaces adequadas ao contexto e às necessidades dos usuários: adequando os sistemas às necessidades, capacidades e características dos usuários, tornando os softwares mais úteis e fáceis de serem usados e proporcionando uma experiência de uso de qualidade (Baranauskas & Rocha, 2003).

Projetar uma experiência de uso de qualidade envolve incorporar fatores subjetivos, pessoais, de cada usuário; isto é, sentimentos, emoções, estado de espírito e sensações decorrentes da interação do usuário com o sistema. Assim, uma experiência de qualidade promove bons sentimentos e emoções nos usuários, evitando provocar sensações e emoções desagradáveis, indo um pouco a mais de um sistema usável e abrangendo todos os aspectos envolvidos na interação do usuário (Silva & Barbosa, 2010; Preece et alii, 2005). Para Prates & Barbosa (2003, p.3), a qualidade de uso está estreitamente relacionado com a capacidade e a facilidade de os usuários atingirem suas metas com eficiência e satisfação.

Para o Serg (2011), uma experiência de uso de baixa qualidade diminui a produtividade, desmotiva a interação, requer maior tempo de treinamento e aprendizado, confunde o usuário, leva-o a erros e aumenta as possibilidades de um fracasso comercial. O Serg (2011) atenta para o fato de que, na visão dos usuários, um sistema que possui baixa qualidade na experiência de uso é um sistema de baixa qualidade.

Melhorar a experiência de uso e a qualidade da interação exige investigar o uso de sistema interativo, isso envolve diversos objetos. Hewett (1992 apud Silva & Barbosa 2010, p.10) agrupam esses objetos em cinco categorias interrelacionadas:

  • natureza da interação humano-computador: investiga quando o sistema será usado e o que ocorre durante o uso de um sistema interativo pelo usuário.
  • uso de sistemas interativos situado em contexto: investiga onde o sistema será usado: a cultura, sociedade, linguagem, ambiente físico e o contexto de uso.
  • características humanas: investiga o usuário, a capacidade cognitiva do usuário para processar informações e aprender a utilizar o sistema, e as suas características físicas como visão, audição, movimentação para aproveitar suas capacidades e respeitar seus limites.
  • arquitetura de sistemas computacionais e interfaces com usuários: investiga o sistema, tecnologias e dispositivos que possibilitem facilitar e melhorar a interação entre sistemas e usuários.
  • processo de desenvolvimento: investiga métodos, técnicas e ferramentas para avaliação e construção de interfaces.

Souza et alii (1999) apresenta outra forma de investigação para melhorar a interação humano-computador e o processo de desenvolvimento de sistema interativos. Ao invés de objetos, para os autores, a IHC investiga cinco focos diferentes:

  • design e desenvolvimento;
  • capacidade e limitação física cognitiva do usuário;
  • instrumentação teórica e prática para design e desenvolvimento de sistemas interativos;
  • modelos de interfaces do processo de interação usuário-sistema;
  • análise do domínio e de aspectos sociais e organizacionais.

Independente da investigação de objetos ou focos, a IHC tem como objetivo criar sistemas mais seguros, úteis, fáceis de serem usados e fáceis de serem aprendido (Baranauskas & Rocha, 2003). Nielsen (1993 apud Baranauskas & Rocha 2003) expõem o objetivo de IHC em uma visão mais ampla, denominada “aceitabilidade de um sistema”.

A aceitabilidade de um sistema envolve a aceitabilidade social e a aceitabilidade prática. A primeira diz respeito à aceitação do sistema, se os usuários acreditam que o sistema pode melhorar o desenvolvimento de suas atividades, em vez de dificultar. A segunda, diz respeito a parâmetros tradicionais como custo, compatibilidade e confiabilidade, se o sistema é útil, se faz o que deve ser feito, e se o sistema é fácil de ser utilizado (Baranauskas & Rocha, 2003).

Em geral, os estudos e investigações de IHC objetivam criar interfaces com alta qualidade. Para isso, utiliza métodos, técnicas, modelos e diretrizes específicos que permitem identificar e ajustar problemas de interação para garantir uma alta qualidade de uso (Prates & Barbosa, 2003). Porém, para garantir uma experiência de uso de qualidade, é necessário entender o processo de interação humano-computador. Assim, nos próximos tópicos, serão abordadas as principais teorias explicativas sobre como ocorre a interação.

Referências: